MONITOR DE SECAS DO MÊS DE SETEMBRO DE 2017

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE SETEMBRO DE 2017

 

Condições Meteorológicas do Mês de Setembro de 2017

Conforme pode ser observado na figura 1(b), historicamente, no mês de setembro, o leste do Nordeste (NE) brasileiro, em uma área compreendida entre o litoral sul da Paraíba (PB) e o litoral sul da Bahia (BA), localizam-se as regiões do NE que possuem os maiores índices de precipitação observada, com volumes que variam entre 100 e 150mm. Nas demais áreas da região NE, os índices pluviométricos são, historicamente, inferiores a 75mm e, em grande parte do NE, como no centro-leste do Maranhão(MA), Piauí(PI), Ceará(CE), grande parte dos estados do Rio Grande do Norte(RN), PB, Pernambuco(PE), BA e extremo oeste dos estados de Alagoas(AL) e Sergipe(SE), a climatologia de precipitação é inferior a 25mm.

Ao longo do mês de setembro de 2017, conforme a figura 1(a), os índices pluviométricos mais elevados (superiores a 100mm) foram observados no leste dos estados da PB e PE, nas regiões nordeste e extremo oeste de AL, em praticamente todo o estado de SE (com valores superiores a 150mm em algumas áreas da parte leste) e em uma grande área do leste do estado da BA. Nas demais áreas nordestinas, a precipitação observada foi inferior a 75mm e em uma grande área dos estados do MA, PI, noroeste e sul do CE, oeste dos estados de RN e PB, extremo oeste de PE e no centro-oeste da BA a precipitação observada foi inferior a 1 mm.

A figura 1(c), anomalia de precipitação, mostra o reflexo das precipitações ao longo do mês de setembro, principalmente em áreas onde, historicamente, são esperados índices pluviométricos mais elevados. Verifica-se anomalias positivas de precipitação nas regiões sudeste de PE, nordeste e extremo oeste do estado de AL, em todo o estado de SE(com índices superiores a 100mm acima do normal), nordeste  e Recôncavo da BA (além de outros pontos isoladas no leste deste estado). Na região oeste dos estados do MA e BA, e em outros pontos isolados do NE houve anomalia negativa de precipitação. Nas demais áreas da região NE do Brasil, as precipitações ficaram em torno da normalidade.

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Figura 1. Espacialização da precipitação(mm) mensal no mês de setembro na região Nordeste do Brasil (NEB): (a) Precipitação acumulada; (b) Climatologia; (c) Anomalia de precipitação. Página de procedência da figura: http://proclima.cptec.inpe.br/precmesset.shtml

 

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Setembro de 2017

Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB) e Pernambuco (PE), por causa da quantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil (NEB) apresentam. Cabe ressaltar que, no mês de setembro, os estados do CE, RN, PB, PE e Bahia(BA) tiveram o cálculo do indicador SPI, tanto de curto quanto de longo prazo, prejudicado pela falta de informações em várias regiões e, por isso, com o intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses estados quanto para as demais áreas do NEB, foi amplamente utilizado o SPI-MERGE, além dos seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de setembro e dos meses anteriores, bem como o índice de saúde da vegetação (VHI) e anomalia de temperatura máxima. Com isso, áreas do NEB onde há poucos pontos de informações puderam ser analisadas.

Para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta principalmente os índices SPI, SPI-MERGE e SPEI, de curto e longo prazo, sem analisar as informações dos reservatórios.

Ao comparar o mapa validado no mês de agosto de 2017, na figura 2(a), com o mapa validado do mês de setembro de 2017, na figura 2(b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral (figura 2), tais como:

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Figura 2. Mapas do Monitor de Secas do Nordeste em 2017: (a) Agosto; (b) Mapa Final – Setembro.

 

No MA, em virtude da baixa pluviometria, observada no mês de setembro, os indicadores apontam para uma expansão da área de seca fraca (S0) e seca moderada (S1) para o norte. Além disso, no sudeste do estado (divisa com o PI) houve o surgimento de uma área com seca grave (S2) e, no extremo sul, uma área de seca extrema (S3). Quanto aos impactos, estes se mantiveram como sendo de curto prazo (C) em, praticamente, todo o estado.

No PI, os indicadores mostram que há um aumento de área em todas as categorias de seca. Na parte norte, onde no mês anterior (agosto) não havia seca relativa, houve o surgimento de seca fraca (S0) e o avanço da seca moderada (S1) e grave (S2). Na região centro-sul houve o aumento da área com seca extrema (S3) e excepcional (S4). Já os impactos da seca seguem, na maior parte do estado, sendo de curto e longo prazo (CL) com exceção do extremo norte que apresenta seca com impactos apenas de curto prazo (C).

No CE, da mesma forma que nos estados do MA e PI, em razão das poucas chuvas que ocorreram no mês de setembro os indicadores, de curto e longo prazo, apontam para intensificação da seca. Na parte norte do estado, onde era observada uma área sem seca até agosto, os indicadores mostram um avanço da seca fraca (S0). Nas demais áreas deste estado, observa-se a expansão, para norte, das áreas com seca moderada (S1), seca grave (S2) e seca extrema (S3). Na região sul, também houve o aumento da área com seca excepcional (S4). Os impactos da seca são de curto prazo (na parte norte) e  de curto e longo prazo (na parte centro-sul).

No estado de RN, em virtude das poucas precipitações registradas em setembro, de um modo geral, houve uma piora no cenário de seca observada no mês anterior (agosto) na maior parte do estado. Na parte oeste do estado, além dos baixos índices pluviométricos, foi possível observar anomalias de temperatura máxima da ordem de 2ºC, bem como o índice de vegetação (VHI) que mostrou uma piora na saúde da vegetação ao longo do período, o que justifica o aumento da área com seca extrema (S3). Além disso, o indicador SPEI de longo (L) prazo, mostra o surgimento de uma área com seca excepcional (S4) na parte central do estado, bem como o aumento, na parte leste, da área com seca moderada (S1). Já os impactos da seca seguem de curto e longo (CL) prazo na parte centro-oeste e de longo (L) prazo no leste.

Na PB, em relação ao mês anterior (agosto), os indicadores não mostram mudanças no grau de severidade da seca em nenhuma área. Sendo assim, os impactos de seca em todo o estado permanecem os mesmos, ou seja, de longo (L) prazo em uma área do leste e de curto e longo (CL) prazo na porção centro-oeste.

Já no estado de PE, na região oeste (divisa com CE), em virtude dos baixos índices pluviométricos de chuva, normal para o mês de setembro, houve o aumento da área com seca excepcional (S4) em direção a parte central do estado. Na região do Agreste Setentrional, devido as poucas precipitações ao longo do período, também houve uma pequena expansão da área com seca moderada (S1) e grave (S2). Nas demais áreas, os indicadores não mostram mudanças no grau de severidade da seca. Em praticamente todo o estado, os impactos da seca são de curto e longo (CL) prazo, enquanto em uma área que vai do centro-sul até o nordeste de PE os impactos são de longo (L) prazo. Em uma área do leste do estado, observa-se ainda que não há seca relativa.

Em AL e SE, no extremo oeste, os indicadores mostram um recuo discreto da área com seca fraca (S0). As demais áreas desse estado permanecem sem seca relativa, em virtude da continuidade das chuvas ao longo do mês de setembro.

Na BA, ao longo do mês de setembro as chuvas ficaram concentradas na porção leste (Agreste e Zona da Mata) o que contribuiu para a manutenção de uma ampla área sem seca relativa. Na região nordeste (divisa com SE), em virtude das chuvas ocorridas ao longo do período de análise, os indicadores mostram também um recuo da seca em todos os níveis de severidade. No entanto, em outras áreas do estado como, por exemplo, a porção oeste e sul, que pelo segundo mês consecutivo tiveram registro de poucas precipitações, houve a piora do cenário de seca. Os indicadores, de curto e longo prazo, mostram um aumento da área com seca excepcional (S4) na porção oeste e um pequeno avanço da seca fraca (S0) na parte sul. Quanto aos impactos, permanecem de curto e longo (CL) em todo o estado.

 

Para o refinamento no traçado do mapa do mês de setembro, foram utilizadas as considerações feitas pelos representantes da AESA-PB, ANA-DF, APAC-PE, ARESTech, EMPARN-RN, INEMA-BA, IPA-PE, SEMAR-PI, SEMARH-AL e UEMA-MA, durante a reunião de autoria realizada no dia 11/10/2017 (pela manhã) e durante o processo de validação que ocorreu de 11 a 17/10.

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