MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JANEIRO DE 2018

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JANEIRO DE 2018

Condições Meteorológicas do Mês de Janeiro de 2018

O mês de janeiro faz parte do período chuvoso no estado do Maranhão, Piauí e oeste da Bahia, onde se esperam volumes de precipitação pluviométrica com valores acima de 150 mm (Figura 1b). No Ceará, oeste da Paraíba e de Pernambuco, em janeiro tem início a pré-estação chuvosa, onde ocorrem pancadas de chuvas isoladas, concentradas em poucos dias e seguidas de dias sem chuvas. Os menores valores de precipitação, abaixo de 50 mm, climatologicamente se concentram no setor leste da Região, na faixa que vai do Rio Grande do Norte até Sergipe. Os principais sistemas meteorológicos que atuaram em janeiro no Nordeste do Brasil foram: a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN).

Em janeiro de 2018 as chuvas foram isoladas, irregulares e concentradas em poucos dias. Valores acima de 200 mm ocorreram em pontos isolados do Maranhão, Piauí, Ceará e leste de Pernambuco, como pode ser observado na Figura 1a.  Já os menores valores (inferiores a 25 mm) foram registrados no centro e norte da Bahia, Sergipe, oeste de Alagoas, parte central de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

As chuvas de janeiro ficaram abaixo do esperado para o mês no estado do Maranhão, Piauí, Bahia e oeste de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte e Sergipe. Nas demais áreas da Região, as chuvas ficaram dentro do esperado para o mês de janeiro. A diferença entre a precipitação observada e a climatologia pode ser observada na Figura 1c.

Apesar de chuvas abaixo da média, houve melhora nas condições de seca no Maranhão, Piauí e oeste da Bahia. Nas outras áreas, ocorreram pequenas modificações nas condições de seca na Região Nordeste.

 

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Figura 1. Espacialização da precipitação (mm) mensal no mês de Janeiro/2018 na região Nordeste do Brasil: (A) precipitação acumulada; (B) climatologia; (C) anomalia de precipitação. Página de procedência da figura: http://proclima.cptec.inpe.br/~rproclima/Moni_NE/precobsclim01.gif

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Janeiro de 2018

Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os Estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas e Bahia (BA), em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses Estados da região Nordeste do Brasil apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses Estados quanto para as demais áreas do Nordeste brasileiro, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de janeiro (e dos meses anteriores), bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI). Com isso, áreas do Nordeste, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.

É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta os índices SPI, SPI-MERGE e SPEI, de curto e longo prazo, levando-se em conta também os impactos da seca na população urbana e rural atingida pela seca.

Ao comparar o mapa validado no mês de dezembro de 2017, na figura 2(A), com o mapa R1 do mês de janeiro de 2018, na figura 2(B), verifica-se que as mudanças mais significativas no traçado ocorreram, principalmente, nos Estados do Maranhão e Piauí.

 

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Figura 2. Monitor de Secas do Nordeste: (A) Dezembro/2017; (B) Mapa Final – Janeiro/2018.

 

No Maranhão, os maiores volumes de chuva se concentraram no norte e oeste do Estado, com valores acima de 200 mm. Apesar das chuvas terem sido inferiores ao esperado para o mês de janeiro, elas foram suficientes para diminuir o impacto da seca e reduzir as áreas de seca extrema (S3) e seca grave (S2) no norte e oeste do estado. O estado permanece com seca em todas as regiões, variando de seca fraca (S0) no norte até seca extrema (S3) no leste. Quanto aos impactos, estes passaram a ser de longo prazo (L) no sul, oeste e norte do estado, devido à chuva que ocorreu nos últimos meses ter reduzido os impactos de curto prazo; enquanto que no centro e leste, os impactos permanecem de curto e também de longo prazo (CL) devido essa seca permanecer por mais de seis meses.

No Piauí, chuvas com valores acima de 200 mm foram registradas em pontos isolados do sul, oeste e norte do estado. Essas chuvas contribuíram para diminuição da severidade da seca no sudoeste e no norte do estado. Houve redução nas áreas de seca excepcional (S4) e seca extrema (S3). O estado permaneceu com seca em todas as regiões, variando de seca fraca (S0) no litoral até seca excepcional (S4) no leste, na divisa com Ceará, Pernambuco e Bahia. Quanto aos impactos, estes continuaram de curto e longo prazo (CL) em, praticamente, todas as áreas do estado, excetuando apenas no extremo norte e extremo sul, onde não há mais impactos de curto prazo, apenas de longo prazo (L).

No Ceará, apesar de em muitas localidades as precipitações ficaram acima da média do mês, essas chuvas ocorreram de forma isolada e concentradas em poucos dias. Assim, houve poucas alterações nas condições de secas do estado, com pequenas reduções das áreas de seca excepcional (S4), seca extrema (S3), seca grave (S2) e seca moderada (S1). Todo estado do Ceará permanece com áreas de seca que variam de seca fraca (S0), no Litoral, até seca excepcional (S4), no centro sul do estado. Quanto aos impactos, na parte norte, onde até o mês passado se tinha impactos apenas de curto (C), passou a ter impactos de curto e longo prazo (CL), devido à seca se estender por mais de seis meses. Assim, em praticamente todo estado a seca tem impactos de curto e longo prazo (CL), com exceção do litoral que faz divisa com o Piauí, onde o impacto passou a ser apenas de longo prazo (L), devido as chuvas dos últimos meses reduzir os impactos da seca de curto prazo.

No Rio Grande do Norte, ocorreram poucas chuvas, porém, dentro do esperado para o mês. Dessa forma, não houve alteração no padrão da seca já instalada no estado, que varia de seca moderada (S1) a seca excepcional (S4). Quanto aos impactos, estes se mantiveram de curto e longo (CL) em todo Estado.

A Paraíba encontra-se com maior parte do estado com seca excepcional, as poucas chuvas que ocorreram no mês de janeiro, apesar de intensas foram de forma isoladas e não foram suficientes para redução do quadro de seca, que permanece variando de seca moderada (S1) no leste a seca excepcional (S4) no centro e leste do estado. Em relação aos impactos de seca, estes se mantiveram de curto e de longo prazo (CL) em quase todo estado, excetuando a região litorânea, onde os impactos são de apenas curto prazo (C).

Em Pernambuco, os maiores índices pluviométricos foram observados na Zona da Mata Sul e Agreste Meridional, nas áreas onde já não se observava seca, contribuindo para uma pequena expansão da área sem seca no estado. No Sertão e nas outras áreas do Agreste as poucas chuvas não foram suficientes para diminuir a intensidade da seca. As altas temperaturas e ausência de chuvas foram responsáveis pela pequena expansão das áreas da seca grave (S2) no Agreste. Todo o Sertão se encontra com seca excepcional (S4); no Agreste a seca varia de fraca (S0) na parte sul a seca excepcional (S4) na divisa com a Paraíba; e no Litoral e Zona da Mata, apenas na parte norte encontra-se com seca variando de fraca (S0) a grave (S1). Quanto aos impactos, estes se mantiveram de curto e longo prazo (CL) em quase todo o Estado. Parte da zona da mata e todo o litoral passaram para um impacto de curto prazo (C).

Em Alagoas, houve uma pequena expansão da área de seca moderada (S1) e seca grave (S2), devido à pequena quantidade de chuvas que ocorreram no oeste do estado e as altas temperaturas registradas em janeiro.  As demais áreas do estado permanecem com ausência de seca relativa. Tal condição se deve, principalmente, a contribuição das chuvas que ocorreram nos meses de agosto e setembro. Em relação aos impactos nas áreas de seca, esses são de curto prazo (C).

No estado de Sergipe, surgiu uma área de seca moderada (S2) no extremo oeste, devido à ausência de chuvas expressivas e altas temperaturas nos últimos meses no Sertão Sergipano. Nas demais áreas do estado, permaneceram áreas com ausência de seca relativa. Quanto aos impactos nas áreas de seca, estes se apresentam como de curto prazo (C) em todo estado.

Na Bahia, os meses de dezembro e janeiro são considerados os mais chuvosos na faixa centro-sul e oeste da Bahia. Apesar de ter chovido menos que o esperado para o mês, as chuvas tiveram boa regularidade ao longo do período, com elevada frequência de dias chuvosos, sendo suficiente para expansão da área sem seca no sul e leste, e diminuição das áreas de seca excepcional (S4), de seca extrema (S3) e de seca grave (S2) no extremo oeste do estado. As áreas do centro e norte do estado permanecem com seca excepcional (S4), e as poucas chuvas que ocorreram não foram suficientes para diminuição da severidade da seca nessa região. Em relação aos impactos, estes permanecem de curto e longo prazo (CL) em praticamente todo o estado, ficando uma pequena parte do extremo noroeste com impacto apenas de longo prazo (L) e outra no extremo nordeste com impactos de curto prazo (C).

 

Para o traçado do mapa validado, referente ao mês de janeiro de 2018, foram utilizadas as considerações feitas na reunião de autoria, realizada no dia 08/02/2018, por representantes da APAC-PE, FUNCEME-CE, INEMA-BA, ANA e ARESTech, e pelas informações repassadas pelos validadores do INEMA-BA (02), FUNCEME-CE (02), LABMET/NUGEO/UEMA-MA (03), SEMAR-PI (01), EMPARN/EMATER-RN (02), SEMARH-AL (01), AESA-PB (01), IPA-PE (05).

 

 


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