MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MAIO DE 2019

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MAIO DE 2019

Condições Meteorológicas do Mês de Maio de 2019

A Figura 01 apresenta (a) a distribuição das precipitações durante o mês de maio de 2019 na região Nordeste, além de Minas Gerais e Espírito Santo; (b) a climatologia dessas regiões; e (c) os desvios de precipitação em relação à climatologia desse mês;

Historicamente (Figura 01- b), os maiores volumes de precipitação no mês de maio, com acumulados superiores a 150 mm, ocorrem no centro-norte do Maranhão, norte do Piauí e Ceará, extremo oeste da Paraíba, além de grande parte da Zona da Mata nordestina. Na maior parte do Agreste, centro-sul mineiro e quase a totalidade do território capixaba, os acumulados normalmente oscilam entre 80 mm e 120 mm.  Já nas demais áreas desta região, climatologicamente estes acumulados no mês de maio não ultrapassam os 80 mm.

Em maio de 2019, os volumes mais expressivos de precipitação, com acumulados superiores a 150 mm, foram observados (Figura 01- a) no centro-norte do Maranhão, norte do Piauí, litoral cearense, extremo oeste da Paraíba, região da Zona da Mata do Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, além de áreas isoladas do litoral da Bahia e Espírito Santo. Já nas demais áreas desta região, os acumulados ao longo de todo o mês ficaram abaixo deste valor.

As maiores anomalias negativas (Figura 01- c) foram observadas no centro-norte do Maranhão, na região central do Ceará, centro-oeste do Rio Grande do Norte, centro-leste de Pernambuco, quase que a totalidade da área dos estados de Alagoas e Sergipe, além do recôncavo e nordeste baiano.  Cabe destacar que estes déficits observados no Maranhão e em grande parte do litoral leste do Nordeste, muito se da em função da alta climatologia deste mês. Por outro lado, as maiores anomalias positivas foram registradas no litoral cearense, faixa central da Paraíba e parte do Espírito Santo.

 

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Figura 01. Espacialização da precipitação (mm) mensal no mês de maio na região Nordeste do Brasil, Minas Gerais e Espírito Santo: (a) precipitação acumulada (05/2019); (b) climatologia; (c) anomalia de precipitação (05/2019). Fonte: Produtos de apoio do Monitor de Secas (CPTEC/INPE).

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Maio de 2019

Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os Estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas e Bahia (BA), em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses Estados apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses Estados quanto para as demais áreas do Nordeste brasileiro, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de março (e dos meses anteriores), precipitações acumuladas de 90 dias, bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI) ao longo dos últimos 12 meses (valores mínimos e médios), além da sua evolução semanal no mês de março. Com isso, áreas do Nordeste, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.

É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta os índices SPI, SPEI e MERGE, de curto e longo prazo, levando-se em conta também os impactos da seca na população urbana e rural atingida pela seca. Os índices que englobam os escoamentos superficiais e a presença de veranicos (SRI e SDSI) também foram avaliados.

Ao comparar o mapa validado no mês de abril de 2019 (Figura 02- a) com o mapa do mês de maio de 2019 (Figura 02- b), verifica-se que, de forma geral, houve apenas pequenas mudanças no traçado, como descrito abaixo.

 

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Figura 02. Monitor de Secas do Nordeste: (a) abril/2019; (b) maio/2019.

 

 

No mês de maio foram registras chuvas com volumes acima de 100 mm em grande parte do centro-norte do Maranhão. Entretanto, devido à climatologia do mês de maio ainda ser alta nesta região, foi observado desvios negativos de precipitação nesta área. No centro-sul do Estado, mesmo já fora do período chuvoso, houve uma boa distribuição espacial das chuvas, com volumes que oscilaram entre 50 mm e 80 mm. Assim, houve uma pequena redução da área de seca fraca (S0), e mantida apenas com impactos de longo prazo (L).

No Piauí, os maiores volumes de chuva (> 100 mm) também se concentram na porção norte. No interior do Estado também foram registrados acumulados acima de 100 mm, porém de forma bastante isolada. Com esta situação, somada à análise dos indicadores combinados de curto e longo prazo, não houve mudanças nas áreas de seca fraca, moderada e grave (S0, S1 e S2, respectivamente), ainda predominando impactos de longo prazo (L).

No Ceará também foram registrados volumes de chuva significativos (> 150 mm), porém restrito à faixa norte (litoral).  Os acumulados decresceram para o sul do Estado, onde ficaram abaixo de 40 mm. Com base na precipitação ocorrida e nos indicadores de curto e longo prazo, houve uma pequena expansão da área de seca fraca (S0), mantendo-se a delimitação da área de seca moderada (S1). Em relação ao impacto da seca, este permaneceu de longo prazo (L) em ambas estas as áreas.

No Rio Grande do Norte, as chuvas mais significativas ficaram restritas à porção leste (>150 m). No restante do Estado, os acumulados oscilaram entre 20 mm e 60 mm. Em parte do Seridó potiguar, este déficit de precipitação contribuiu para aumento da área de seca grave (S2), apresentando impactos de curto e longo prazo (CL). Já nas demais regiões onde há condição de seca, houve uma manutenção das áreas com intensidade moderada (S1) e fraca (S0), ambas com impactos apenas de longo prazo (L).

Na Paraíba houve registro de volumes significativos de precipitação na faixa leste e extremo oeste do Estado (>140 mm). Já em parte da Borborema e Agreste paraibano, estes acumulados não ultrapassaram 40 mm, o que contribuiu para um leve aumenta da seca grave (S2), bem como para esta área apresentar impactos de curto e longo prazo (CL). No restante do Estado não ocorreram mudanças nas áreas de seca, permanecendo estas apenas com impactos de longo prazo (L).

Em Pernambuco, os maiores volumes de precipitação foram registrados na faixa litorânea (>150 mm), com decaimento para oeste. De acordo com as precipitações e os indicadores, não houve alteração significativa nas áreas, bem como na intensidade da seca no Estado. Assim, se mantém uma condição de seca grave (S2) no Sertão do São Francisco e parte do Agreste Central e Meridional, e de seca moderada (S1) no Sertão Central e em grande parte do Sertão do Moxotó e Pajeú. Já na maior parte da Zona da Mata pernambucana e litoral, não há evidências de seca. Em relação aos impactos da seca, estes agora se apresentam de curto e longo prazo (CL) em grande parte do Agreste, e apenas de longo prazo (L) nas demais áreas com seca.

Alagoas apresentou um nítido gradiente de distribuição das chuvas, decrescente de leste (>100 mm) para oeste (<40 mm). Desta maneira, a região que apresenta seca grave (S2) (faixa centro-oeste), já exibe tanto impactos de longo, como de curto prazo (CL). Já os impactos nas áreas com seca moderada (S1) e fraca (S0) mantiveram-se apenas com impactos de longo prazo (CL).

Em grande parte do litoral sergipano foram registrados acumulados superiores a 100 mm ao longo do mês de maio. Já no interior do Estado estes volumes oscilaram entre 20 mm e 60 mm. Com base na precipitação ocorrida, nos indicadores de curto e longo prazo, bem como na piora dos índices de saúde da vegetação, houve uma expansão da área de seca grave (S2) sobre o Alto Sertão sergipano, onde agora já são observados impactos de curto e longo prazo (CL). Em parte do Agreste Central e Centro Sul sergipano também já são vistos impactos de curto e longo prazo (CL). No restante do Estado não ocorreram mudanças nas áreas de seca, permanecendo uma condição variando de seca moderada (S1) a seca fraca (S0) no Agreste, e apenas com impactos de longo prazo (L).

Em grande parte do litoral baiano, os acumulados de chuva ao longo do mês de maio variaram entre 100 mm e valores acima de 250 mm. No interior do Estado, estes volumes oscilaram entre 80 mm (no oeste, em pontos isolados da Chapada Diamantina, sudoeste e nordeste baiano) a valores abaixo de 20 mm. Assim, a maior parte do norte e nordeste da Bahia permanece apresentando uma condição de seca extrema (S3). As demais áreas destas duas regiões, além de grande parte da Chapada Diamantina, mostram uma condição de seca grave (S2). Já no restante do Estado, com exceção da faixa leste (onde não há evidências de seca), a seca está variando de moderada (S1) a fraca (S0). Os impactos são de longo prazo (L) no extremo oeste e de curto e longo prazo (CL) nas outras áreas do território baiano.

Em Minas Gerais, os maiores volumes de chuvas mês de maio ficaram restritos à faixa centro-sul do Estado, onde os acumulados variaram entre 50 mm a valores acima de 90 mm. No centro-norte mineiro, sobretudo nas áreas próximas à divisa com o estado da Bahia, estes acumulados ficaram abaixo de 20 mm. No oeste do Jequitinhonha, e leste do Noroeste, se observa uma condição de seca moderada (S1). No restante destas áreas, e em grande parte do Rio Doce e região Central, há uma condição de seca fraca (S0). Nas áreas de seca, os impactos são de curto e longo prazo (CL).

No Espírito Santo também houve registro de volumes expressivos de precipitação na faixa litorânea (100 mm a 200 mm), onde já não mais há evidências de seca. Já no interior do Estado, ainda se mantém a área com seca fraca (S0), com impactos de curto e longo prazo (CL).

Para o traçado do mapa do Monitor de Secas de maio de 2019, foram utilizadas as considerações feitas na videoconferência dos autores, realizada no dia 11/06/2019, por representantes da APAC-PE, FUNCEME-CE, INEMA-BA e ARESTech. Participaram, como ouvintes, pessoal da FUNCEME, envolvidos no tratamento dos dados que compõem o projeto GIS do Monitor de Secas do Nordeste, e da ANA.

Contamos com a colaboração de todos para o refinamento do traçado do Monitor de Secas referente ao mês de maio/2019.

 

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