MONITOR DE SECAS DO MÊS DE OUTUBRO DE 2019

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE OUTUBRO DE 2019

Condições Meteorológicas do Mês de Outubro de 2019

As condições de precipitação observada e climatológica para o mês de outubro de 2019, na região Nordeste do Brasil (NEB) e nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Tocantins, estão apresentadas na figura 1, sendo: (a) precipitação observada; (b) climatologia de precipitação; (c) anomalia de precipitação em valores absolutos; (d) anomalia percentual de precipitação. O mês de outubro é climatologicamente seco na parte norte, leste e centro do Nordeste, com média de precipitação abaixo de 20 mm. Os Estados de Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo e sul do Maranhão já inicia o período chuvoso, com acumulados médios de até 200 mm, como visto na Figura 1 (b).

As precipitações de outubro ocorreram de forma isolada, com valores superiores a 100 mm registrados em Tocantins, sul do Maranhão, sul de Minas Gerais e leste da Bahia. Na maior parte dos estados do Nordeste a precipitação acumulada foi inferior a 20 mm, sendo que em muitas localidades não houve registro de precipitação (Figura 1a).

As maiores precipitações registradas em outubro de 2019 concentraram-se na parte oeste do Tocantins, norte do Espírito Santo e litoral sul da Bahia, sul do Maranhão, norte do Espírito Santo e sul de Minas Gerais, com acumulados acima de 100 mm. s demais áreas as precipitações registradas foram abaixo de 20 mm (Figura 1 a).

As chuvas ficaram dentro da faixa normal da climatologia nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Leste da Bahia, Norte do Piauí, norte do Maranhão, e na divisa do Tocantins com Maranhão. Majoritariamente, nos demais estados, as anomalias de precipitação foram negativas, sendo mais significativos os desvios absolutos em Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo, oeste da Bahia e sul do Piauí.

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Figura 01. Precipitação de outubro de 2019, nos estados da Região Nordeste do Brasil (NEB) e nos estados de Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES): (a) precipitação acumulada (mm); (b) climatologia de precipitação (mm); (c) anomalia absoluta de precipitação (mm); (d) Anomalia percentual de precipitação (%). Fonte: Produtos de apoio do Monitor de Secas.

 

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Outubro de 2019

Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI (Indicador Padronizado de Precipitação) e SPEI (Indicador Padronizado de Precipitação e Evapotranspiração), para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL), Bahia (BA) e Minas Gerais (MG), em virtude de uma quantidade maior de pontos de informações. Para compensar o déficit de informações, foram utilizados os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de outubro (e dos meses anteriores), precipitação acumulada de 90 dias, temperaturas médias e mínimas para o mês de outubro e no trimestre (ASO), bem como o índice de saúde da vegetação (VHI) ao longo do último mês.

É necessário ressaltar que para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando se em conta os índices SPI, SPE I e COMBINADO de curto (mínimo de SPI 03 e 04 com SPEI 03 e 04) e longo prazo (mínimo de SPI 12,18 e 24 com SPEI 12,18 e 24) e também os impactos da seca na população urbana e rural. Além dos índices que são associados a escoamentos superficiais e a presença de veranicos (SRI e SDSI) também foram utilizados na análise, mostrando se a maioria dentro da normalidade.

Comparando se o mapa validado no mês de setembro de 2019 (figura 2a) com o mapa validado do mês de outubro de 2019 (figura 2b), verificaram se algumas mudanças no traçado, que são relatadas a seguir.

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Figura 2. Mapas do Monitor de Secas em 2019: (a) Setembro ; (b) Outubro.

 

 

No Maranhão (MA), os indicadores não mostraram grandes mudanças no traçado do mapa e, devido à grande ausência de dados, o VHI foi levado em consideração para aumento da Seca Fraca (S0) na parte noroeste e avanço da Seca Moderada (S1) na parte sudeste do estado que faz fronteira com o Piauí. Os impactos observados indicam seca de curto prazo (C) e curto e longo prazo (CL).

No Piauí (PI), nas escalas de curto e longo prazo, os indicadores mostram poucas alterações na seca relativa apresentada no mês anterior. Houve uma pequena expansão da seca moderada(S1) na parte Sudoeste do Estado, divisa Maranhão. Os impactos observados permanecem de curto e longo prazo (CL) na parte sul do Estado e de curto prazo (C) na parte norte.

O Ceará (CE) está no período seco. Com base nos indicadores de curto e longo prazo e no índice de saúde da vegetação (VHI), houve expansão da seca fraca(S0) na direção Norte no Estado. Os impactos permanecem de curto e longo prazo (CL) na parte sul, e uma pequena área na parte norte com impacto de curto prazo (C).

O Rio Grande do Norte (RN)também se encontra no período seco. Com base na chuva acumulada nos últimos três meses (ASO) e em indicadores de curto e longo prazo e no VHI, houve um avanço na área de seca moderada (S1) no norte do estado. No Alto Oeste do Estado, houve um agravamento da seca de S1 para S2. Os impactos são de curto e longo prazo (CL) na parte oeste e de longo prazo (L) na parte leste.

A Paraíba (PB), que se encontra no período seco, com base nos indicadores de curto e longo prazo SPEI de 6, 12, 18 e 24 meses e SPI de 12 e 18 meses, houve um avanço pequeno da Seca Fraca (S0) para leste no Agreste do Estado. Além desses indicadores, baseado também no VHI, ainda no Agreste, houve um avanço para leste da seca moderada (S1). Assim como no RN, os impactos são de curto e longo prazo (CL) na parte oeste e de longo prazo(L) na parte leste.

Em Pernambuco (PE) repetiu-se o padrão observado nos estados da PB e RN, em que outubro faz parte do período seco em todo o estado. Baseado nos indicadores SPI e SPEI de curto e longo prazo, como também no VHI, houve um avanço da seca fraca (S0) e seca moderada (S1) no Agreste Meridional.  Os impactos são de curto e longo prazo (CL) na parte oeste e de longo prazo(L) na parte leste.

Alagoas (AL), assim como Sergipe (SE), estão no período seco. Baseado nos indicadores de curto e longo prazo, e no VHI, houve expansão da seca fraca (S0) e da seca moderada (S1) na parte noroeste dos dois estados. Em SE o avanço da seca fraca (S0) ocorreu para todo o litoral do Estado. Os impactos são de longo prazo (L) em ambos os estados.

A Bahia (BA), com ausência de chuva esperada para o mês e a chuva mal distribuída na parte oeste, levou-se em consideração os indicativos observados pelo VHI e os índices SPI e SPEI de curto e longo prazo, houve uma pequena expansão seca grave (S2) a oeste do Estado. Os impactos permanecem de curto e longo prazo (CL) à oeste e de longo prazo (L) à leste.

No Tocantins (TO), de maneira geral, as chuvas observadas estiveram abaixo da climatologia, exceto por trechos isolados das porções nordeste e noroeste do Estado que observaram as melhores chuvas do mês, superiores a 100 mm, ficando um pouco acima da climatologia. Diante desse cenário, optou-se pelo estabelecimento da seca moderada (S1) no trecho sudeste do Estado baseado no indicador combinado de curto e longo prazo. Para as demais áreas, optou-se pela categoria de seca fraca (S0) em função do indicador combinado de curto prazo. A linha de impacto de curto e longo prazo acompanhou o traçado da área de seca moderada (S1), ficando as demais áreas da categoria de seca fraca (S0) com impactos de curto prazo(C).

Em Minas Gerais (MG), as chuvas observadas estiveram abaixo da climatologia em todas as regiões do Estado. Na porção Sul, entre as regiões do Triângulo Mineiro, Alto São Francisco e Sul de Minas, foram observados os maiores acumulados de chuva (entre 60 e 100 mm). Nas demais áreas, a chuva observada não passou de 60 mm, e a região do noroeste mineiro foi a mais prejudicada com registro dos menores acumulados de chuva que ficaram entre 20 e 40 mm. Diante deste cenário, houve algumas mudanças significativas no traçado da seca no Estado. Na região Noroeste houve uma expansão da seca grave (S2), fundamentada no indicador combinado de curto prazo. Já a seca moderada (S1) foi estendida na região do Triângulo/Alto Paranaíba, Alto São Francisco e Zona da Mata baseado no indicador combinado de curto e longo prazo. A linha de impacto sofreu uma modificação à noroeste, com curto e longo prazo (CL) para englobar a expansão da seca grave (S2) nesta área.

O Espírito Santo (ES), no geral, apresentou índices pluviométricos mensais abaixo de 40 mm, ficando abaixo da climatologia de chuva para o mês. Somente trechos do norte e nordeste do Estado observaram eventos isolados de chuva que resultaram em acumulados superiores a 100 mm, ficando acima da climatologia. Ainda sem condições para melhora da situação de seca no Estado, nas porções oeste e sudoeste, houve um avanço da seca moderada (S1) e um pequeno avanço da seca fraca no extremo sul da porção nordeste, baseado no indicador combinado de curto e longo prazo. No oeste do Estado inclusive, houve um agravamento da seca com a inclusão da categoria de seca grave (S2), em função, principalmente, do indicador combinado de longo prazo e da escassez hídrica instalada nesta área.

Para o traçado do mapa do Monitor de Secas de outubro de 2019, foram utilizadas as considerações feitas na videoconferência dos autores, realizada no dia 11/11/2019, por representantes da APAC-PE, FUNCEME-CE, INEMA-BA, INCAPER-ES e IGAM-MG. Participaram, como ouvintes, pesquisadores da FUNCEME, envolvidos no tratamento dos dados que compõem o projeto GIS do Monitor de Secas, representante do grupo do Espírito Santo, bem como representantes da ANA. Também foram utilizadas as considerações feitas pela rede de validadores do Monitor de Secas: SEMARH-AL, INEMA-BA, INCAPER-ES, CEPDEC-ES, IGAM-MG, APAC-PE, IPA-PE, SEMAR-PI, EMPARN-RN, SEMARH-SE, SEDURBS-SE, SEMARH-TO, AESA-PB e UEMA-MA.

 

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