NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE ABRIL DE 2020

Condições Meteorológicas do Mês de Abril de 2020

 

O mês de abril é considerado o último mês do período chuvoso em Tocantins e em na porção central do Nordeste do Brasil (NEB). Nos estados de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, abril é considerado um mês de transição, do período chuvoso para o período seco. A distribuição espacial da precipitação observada durante o mês de abril de 2020, está representada na Figura 1a, a climatologia na Figura 1b, e as anomalias de precipitação, na Figura 1c.

De acordo com a climatologia de abril, os maiores volumes de precipitação, com valores acima de 300 mm, ocorrem na região norte do Maranhão, no litoral do Ceará, em pontos isolados no Rio Grande do Norte e em parte do Recôncavo Baiano. Os menores volumes de precipitação, iguais ou inferiores a 120 mm, ocorrem em praticamente todo o território dos estados de Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, bem como na porção leste da Paraíba, no oeste de Alagoas e de Sergipe, sul do Espirito Santo, norte do Rio de Janeiro, sudeste do Piauí, e em áreas do leste e oeste de Goiás.

Em abril de 2020, as precipitações com valores iguais ou superiores a 300 mm ocorreram no centro-norte e oeste do Maranhão, no extremo norte de Tocantins e Piauí, litoral do Ceará, e em algumas áreas do Tocantins e do litoral leste do NEB. Os estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro, sul de Goiás, e grande parte de Minas Gerais, registraram valores de chuva mensal inferiores a 120 mm. Nas demais áreas, de uma forma geral, as precipitações de abril variaram com valores entre 120 mm e 250 mm.

Na Figura 1c, é possível observar que, de um modo geral, as precipitações variaram de normal a ligeiramente acima da média. Contudo, em algumas áreas ocorreram anomalias negativas de precipitação, como por exemplo, nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, porção sul e oeste de Minas Gerais, sul de Goiás, e em parte do leste do NEB, em uma área compreendida entre os estados de Rio Grande do Norte e Alagoas. A chuva também ficou abaixo da média histórica no centro-leste do Maranhão, extremo sul do Piauí, na porção central do Ceará e em alguns pontos do oeste e sul da Bahia.

De um modo geral, a seca no norte do NEB apresenta impacto apenas de longo prazo (L), associado principalmente ao déficit hídrico durante anos consecutivos de chuva abaixo da média na região entre 2012 a 2018. No entanto, as precipitações observadas nos quatro primeiros meses do ano trouxeram melhora nos impactos de curto prazo (C) consequente recuperação das pastagens, acumulação de água nos pequenos e médios reservatórios, além da recuperação de alguns perímetros irrigados. Cabe ressaltar que, devido à grande variabilidade espacial da chuva, esse cenário não é generalizado, e algumas áreas ainda apresentam seca com impactos de curto e longo prazo.

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Figura 1. Espacialização da precipitação (mm) mensal no mês de Abril/2020 na região Nordeste do Brasil (NEB), e nos estados de Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro: (a) precipitação acumulada; (b) climatologia; (c) anomalia de precipitação. Fonte: Produtos de apoio do Monitor de Secas.

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Abril de 2020

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Figura 2. Monitor de Secas do Nordeste: (esquerda) Março/2020; (direita) Abril/2020 – Mapa Final.

 

No estado do Maranhão, embora tenham sido observadas algumas áreas com anomalias negativas, de um modo geral, as precipitações, principalmente na porção norte, tiveram valores acima de 400 mm (acima da normal). No setor sul, observaram-se anomalias negativas de precipitação, e os indicadores de curto prazo mostram uma condição de seca variando de fraca (S0) a moderada (S1). No sudeste houve uma redução da área de seca fraca (S0), enquanto nas demais áreas os indicadores, de curto e longo prazo, mostram o estado sem seca relativa. Os impactos observados em todas áreas, com algum grau de seca, permanecem de longo prazo.

No Piauí, as precipitações acompanharam a média climatológica de abril em grande parte do estado. Ocorreram valores abaixo da média somente em duas áreas na divisa com o Maranhão, enquanto na porção central foram observados valores cima da média. Com isso, houve ampliação da área sem seca relativa no norte do estado, com consequente redução das áreas com seca moderada (S1) e fraca (S0). A seca grave (S2) também teve sua área reduzida, ficando restrita a porção sul, na divisa com o estado da Bahia. Em todo o estado a seca tem impactos apenas de longo prazo (L).

No Ceará os valores de chuva observada na faixa litorânea, no mês de abril, ficaram em torno de 700 mm, enquanto nas demais áreas do estado, a quantidade de chuva observada ficou abaixo de 250 mm. Tal condição, somada aos indicadores de curto e, principalmente, de longo prazo, contribuiu para a redução da área com seca fraca (S0) no centro-oeste e no sul, enquanto na porção central e leste observam-se ainda áreas sob condição de seca fraca (S0). Nas demais áreas, os indicadores não mostram seca relativa. Cabe ressaltar, que a seca fraca (S0) na área central e leste do estado, tem impactos apenas de longo prazo (L), os quais são mais evidentes no déficit hídrico prolongado dos três maiores reservatórios do Estado (Castanhão, Orós e Banabuiú).

No Rio Grande do Norte (RN), em abril, foram observadas anomalias negativas de precipitação na porção centro-leste, enquanto na porção oeste, norte e sul, as chuvas observadas ficaram acima da média. Com isso, houve uma ampliação da área sem seca relativa na porção norte e oeste do estado, bem como uma redução no grau de severidade da seca no sul e sudoeste, onde no mês anterior era de seca moderada (S1). Já no sudeste de RN, houve um pequeno avanço da seca fraca (S0) em direção ao litoral. A seca observada no estado apresenta impactos de longo prazo (L), com exceção da porção sudeste, próximo ao litoral leste, onde os impactos são apenas de curto prazo (C).

Na Paraíba o cenário de chuva observada no mês de abril apresenta-se com anomalias negativas de precipitação na porção centro-leste, enquanto na porção oeste, as chuvas observadas ficaram acima da média. Com isso, houve o surgimento de uma ampla área sem seca na porção oeste do estado, por causa da redução da área com seca fraca (S0), bem como a redução da área com seca moderada (S1). Já no leste (Mata Paraibana), também houve redução de uma categoria no grau de severidade da seca, passando de moderada (S1) para fraca (S0). Os impactos observados são de longo prazo (L), exceto na faixa litorânea, onde os impactos são de curto prazo (C).

Em Pernambuco, assim como no mês anterior (março), no mês de abril houve predomínio de anomalias positivas de precipitação, com exceção da mesorregião da Zona da Mata, porção leste, onde as precipitações ficaram ligeiramente abaixo da média climatológica. Tal condição, somando-se aos indicadores de curto e longo prazo, ocasionou a redução da intensidade da seca em todas as mesorregiões, com recuo da seca moderada (S1) no São Francisco, Agreste e Mata Pernambucana, bem como redução da área com seca fraca (S0) – e consequente surgimento de uma área sem seca relativa – no Sertão Pernambucano, próxima aos estados do Ceará e Paraíba. Com exceção da faixa litorânea, onde os impactos são de curto prazo (C), no restante do estado predominam impactos de longo prazo (L).

Em Alagoas, as precipitações ficaram acima da média histórica no oeste e em uma porção do litoral sul do estado. Na porção central e em uma área do litoral (porção central e norte) as precipitações ficaram em torno da média e abaixo da média, respectivamente. Este padrão observado, associado aos indicadores de seca, principalmente de longo prazo (L), contribuíram para a atenuação da intensidade da seca no Sertão Alagoano (porção oeste), que passou de moderada (S1) para fraca (S0). Em relação aos impactos, somente a faixa litorânea está sob impacto de curto prazo (C), enquanto as demais áreas são de longo prazo (L).

Em Sergipe, no mês de abril predominou anomalia positiva de precipitação em praticamente todo o estado, com exceção de algumas áreas localizadas em regiões do Sertão Sergipano, Leste Sergipano e Agreste Central, onde os totais acumulados ficaram abaixo da média histórica. As anomalias de precipitação trimestral, semestral, anual, bienal, bem como os formulários de observadores e os indicadores de curto e longo prazo, favoreceram a uma redução da área com seca moderada (S1) no noroeste, e da fraca (S0) – com consequente surgimento de uma área sem seca relativa – no sul. Por causa das precipitações abaixo da média, em parte do Agreste e Leste Sergipano, persiste uma faixa de seca moderada, que se estende do Baixo São Francisco, mais precisamente na região de Neópolis, até a porção oeste. Os impactos observados continuam de curto prazo (C) no litoral norte, e de longo prazo (L) nas demais áreas.

 

Na Bahia, as precipitações ficaram abaixo da média história em algumas áreas do litoral sul, noroeste (na divisa com o sul do  Piauí) e no sudoeste (próximo ao norte de Minas Gerais). Nas demais áreas do estado, foram observadas anomalias em torno da normal ou ligeiramente acima da média histórica. Com base nos indicadores de curto e longo prazo, houve uma redução da área com seca grave (S2), permanecendo esta somente porção noroeste do estado, na divisa com o sul do Piauí. A seca moderada (S1) também sofreu uma redução considerável na sua área, principalmente na região central.  Consequentemente, as áreas com seca fraca (S0) e moderada (S1) passaram a predominar no território baiano. Cabe ressaltar, que também houve um aumento da área sem seca relativa, próximo ao estado de Sergipe. Os impactos observados são de curto e longo prazo (CL) na faixa leste, e de longo prazo (L) nas demais áreas do estado.

 

Em Minas Gerais (MG), os acumulados de chuva do mês de abril oscilaram, de um modo geral, entre a normalidade e valores abaixo da média histórica. Diante desse quadro, as alterações no quadro da seca no estado foram discretas, sendo mais expressivas no noroeste, onde houve redução da área com seca moderada (S1). Os impactos observados são de longo prazo (L), com exceção do Triangulo Mineiro, cujos impactos são de curto e longo prazo (CL).

O Espírito Santo apresenta uma climatologia com baixa pluviometria para o mês de abril, com valores de chuva inferiores a 120 mm e nesse período, foram observados volumes abaixo da média da climatologia em todo o estado. Exceto pelos indicadores do mês de abril, os demais não apontam seca relativa no estado. Por esse motivo, não houve alterações em relação ao mês anterior (março), ficando o mesmo sem seca relativa em todo o seu território.

O Rio de Janeiro também apresenta média histórica baixa de precipitações climatologia para o mês de abril, com valores inferiores 120 mm. Embora alguns indicadores de curto prazo (1 mês), apontem uma condição de seca fraca (S0) na porção norte, em virtude da regularidade e quantidade de chuva observada no trimestre (fev-mar-abr), manteve-se a condição observada no mês anterior, ou seja, sem seca relativa em todo o estado.

O estado de Goiás, também apresenta uma climatologia relativamente baixa para o mês de abril, com valores inferiores a 150 mm. No sul de Goiás, a chuva observada ficou abaixo da média da média histórica, enquanto em algumas áreas do no norte e leste, as precipitações ficam acima da média. Com base no exposto, bem como nos indicadores de seca, houve um aumento na área com seca grave (S2) no sul, e uma redução dessa nas proximidades do Distrito Federal. Além disso, houve também um avanço da seca moderada (S1) na porção central e noroeste do estado, bem como um aumento da área sem seca relativa no leste. Os impactos são de longo prazo (L), com exceção da região sul, cujos impactos são de curto e longo prazo (CL).

Em Tocantins, o mês de abril apresenta uma climatologia com totais variando em torno de 120 mm no sul e 250 mm no norte. Neste mês, de um modo geral, foi observado um cenário de precipitações entre a normal e ligeiramente acima do normal. Com isso, os indicadores de curto e longo prazo (CL) apontam para um aumento da área com seca moderada (S1) no sul, e a uma redução da área com seca fraca (S0) no norte. Já a área com seca grave (S2), observada no mês anterior (março), permaneceu sem alterações quanto ao grau de severidade da seca. Quanto aos impactos, em grande parte da porção ocidental (oeste) de Tocantins, permanecem os de curto e longo prazo (CL), enquanto nas demais áreas os impactos são apenas de longo prazo (L).

Para o traçado do mapa referente ao mês de abril de 2020, foram utilizadas as considerações feitas nas reuniões de autoria (regionais e nacional) realizada no dia 11/05/2020 por representantes do INEMA-BA, APAC-PE, FUNCEME-CE, IGAM-MG, INCAPER-ES e ANA, bem como as considerações feitas pela rede de validadores dos estados de AL-SEMARH, ES-AGERH/DEF.CIVIL/CESAN, GO-SEMAD, MA-LABMET, PB-AESA, PI-SEMAR, RJ-INEA, RN-EMPARN, SE-SEMARH/IFS e TO-SEMARH.

 

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