MONITOR DE SECAS DO MÊS DE DEZEMBRO DE 2015

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE DEZEMBRO DE 2015

Condições Meteorológicas do Mês de Dezembro de 2015

A região Nordeste do Brasil (NEB) apresenta sua distribuição mensal climatológica da chuva, no mês de dezembro (figura 1b), com os maiores índices pluviométricos (valores acima de 125 mm) na faixa centro-sul dos estados do Maranhão (MA), Piauí (PI) e na região centro-oeste da Bahia (BA). Nos estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL), Sergipe (SE) e no nordeste da Bahia (BA) os índices são inferiores a 100 mm. Em algumas áreas do NEB, como no centro-norte do CE, RN e na região central da PB os índices pluviométricos são inferiores a 25 mm.

Conforme mostra à figura 1 (a), de um modo geral, no decorrer do mês de dezembro de 2015, os índices pluviométricos mais significativos, superiores a 100 mm, foram observados em pequenas áreas do NEB, como no extremo oeste da BA, sul do MA, litoral sul de RN, litoral da PA e PE. Nas demais áreas nordestinas, a chuva observada não ultrapassou os 75 mm e, em uma ampla área da região do NEB, a chuva acumulada, no decorrer do período de análise, ficou abaixo dos 25 mm. É possível observar ainda (figura 1 c), que em virtude da pouca pluviometria no decorrer do mês, observou-se anomalias negativa de precipitação em praticamente toda a região do NEB.

Embora o mês de dezembro não apresente, climatologicamente, índices pluviométricos elevados, cabe considerar que uma das possíveis causas para a pluviometria abaixo da média e anomalias positivas de temperatura (conforme os produtos de apoio), pode estar associada ao fenômeno El Niño (temperaturas acima da média no Pacífico Equatorial) que vem sendo observado desde o primeiro semestre de 2015.

 

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Figura 1. Espacialização da precipitação (mm) mensal no mês de dezembro na região Nordeste do Brasil: (a) precipitação acumulada; (b) climatologia; (c) anomalia de precipitação. Página de procedência da figura: http://proclima.cptec.inpe.br/~rproclima/Moni_NE/precobsclim12.gif

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Dezembro de 2015

Para o traçado do mês de dezembro, os valores de SPEI de 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, não foram levados em consideração em virtude de algumas incertezas em relação aos resultados apresentados no projeto. Por isso, em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN) e Pernambuco (PE), em virtude, de uma quantidade maior de pontos e informações que esses estados, da região Nordeste do Brasil (NEB), apresentam. Para todas as áreas do NEB, com o intuito de compensar a falta dos dados de SPEI e também o déficit de informações, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: índice de saúde da vegetação (VHI), climatologia das precipitações (mm), precipitação observada (mm) no mês de dezembro e nos meses anteriores, anomalia de precipitação (mm). Com isso, áreas da região do NEB, onde há poucos pontos de informações, foram melhor analisadas, além de complementar as análises feitas em áreas onde a densidade de informações é maior (CE, RN e PE). Ao contrário dos meses anteriores, para o mês de dezembro de 2015, os índices combinados (SPI e SPEI de curto e longo prazo) não foram utilizados.

É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, o índice SPI, de curto e longo prazo, sem analisar as informações dos reservatórios.

Ao comparar o mapa validado no mês de novembro de 2015, na figura 2 (a), com o mapa validado do mês de dezembro de 2015, na figura 2 (b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral (figura 2), tais como:

 

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Figura 2. Mapas do Monitor de Secas do Nordeste em 2015: (a) Novembro; (b) Dezembro.

 

No estado do MA, houve um agravamento da seca em praticamente todo o estado, o que resultou em uma expansão, para a parte centro-oeste, na severidade da seca grave (S2), verificada no mês anterior. Essas mudanças foram em virtude das precipitações que ocorreram ao longo do mês de dezembro, onde estas ficaram abaixo da média nessas áreas. Destaca-se ainda, o aumento da área com seca extrema (S3) na parte sul, leste e nordeste e o surgimento de uma pequena área de seca expecional (S4) no extremo leste do MA.

 

No PI, em virtude dos baixos índices pluviométricos observados ao longo do mês de dezembro e também nos meses anteriores, houve uma expansão para a parte oeste da seca considerada extrema (S3), para o norte, e excepcional (S4). As regiões centro e sul do estado também apresentaram um aumento nas áreas de seca considerada excepcional (S4) para as regiões sul e toda a parte central desse estado.

 

No Ceará (CE), observou-se uma expansão nas áreas de seca moderada (S1), seca grave (S2) e seca extrema (S3) em direção a parte norte (litoral). Além disso, ao comparar com o mês de novembro, observa-se um aumento na área de seca com severidade excepcional (S4), na região de transição entre as macrorregiões Jaguaribana e o extremo oeste do estado de Rio Grande do Norte (RN).

Em grande parte do estado de RN, as precipitações também não foram suficientes para amenizar a severidade da seca observada nos últimos meses. Por isso, observa-se o aumento de uma área com seca excepcional (S4) nas regiões oeste e central do estado, mais especificamente entre as nas microrregiões de Mossoró e de Macau. Nas demais áreas do estado os indicadores apontam uma expansão das secas com intensidade extrema (S3), grave (S2) e moderada (S1) em direção a parte leste do estado. Destaca-se nesse mês, a redução da área de seca moderada (S1) para seca fraca (S0) na faixa litorânea em virtude de algumas chuvas que foram observadas ao longo do mês de dezembro.

Na PB, em relação ao mês de novembro, não houve mudanças nas áreas de seca excepcional (S4), extrema (S3). No entanto, observou-se uma redução nas áreas com seca grave (S2), moderada (S1) havendo o surgimento de uma área de seca fraca (S0) na faixa litorânea.

No estado de PE, os indicadores mostraram a permanência das condições de seca excepcional (S4) observadas no mês anterior (novembro) em grande parte do estado. Verificou-se também um aumento na área de seca extrema (S3), na região leste deste estado. Na faixa litorânea, os indicadores mostram uma redução nas áreas com seca moderada (S1), no mês de novembro, havendo o surgimento de áreas com severidade de seca fraca (S0).

Em relação ao mês de novembro, o estado de AL no mês de dezembro apresentou uma expansão gradativa de todos os níveis de seca, em direção ao leste, em todo estado. Destaca-se nesse período, o aumento da seca expecional (S4) no extremo oeste e a redução, na faixa litorânea, do grau de severidade de seca moderada (S1) para seca fraca (S0).

Em SE, não houve mudanças significativas em relação ao mês anterior. As maiores mudanças ocorreram na parte oeste onde se observou o avanço da seca com intensidade extrema (S3).

Na Bahia (BA), as chuvas do mês de dezembro, normalmente, se concentram na faixa centro-sul e oeste. No entanto, as poucas chuvas registradas nesse mês (em 2015), inclusive, nas regiões onde são esperados volumes mais expressivos foram bastante escassas e irregulares. Os volumes mais expressivos não ultrapassaram os 100 mm, ocorrendo, apenas no extremo oeste, ficando estes muito abaixo do normal para esse período. Somado a esse déficit de chuvas, os indicadores SPI e o índice de vegetação também foram de grande valia para uma melhor definição no traçado do mapa na área da BA. Além disso, o material de apoio juntamente com os indicadores SPI, mostram uma expansão das secas com severidade extrema (S3) e grave (S2) para a parte leste do estado.

Em relação aos impactos, em uma parte da faixa litorânea dos estados do CE e RN, e na parte leste dos estados de AL e SE além de uma ampla área do centro-sul da BA verificou-se que são de curto prazo (C). Nas demais áreas do NEB, foram observados impactos de curto e longo prazo (CL).

Para o refinamento no traçado do mapa do mês de dezembro, foram utilizadas as considerações feitas pelos validadores do INEMA-BA, APAC-PE, SEMARH-AL, SEMAR-PI, ENPARN-RN, UEMA-MA tornando possível uma aproximação da realidade da seca que sendo observada na região Nordeste do Brasil.

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