MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MAIO DE 2020

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MAIO DE 2020

 

Condições Meteorológicas do Mês de Maio de 2020

 

Maio é considerado o segundo mês do período chuvoso no leste do Nordeste do Brasil (NEB). Já na região central e oeste do NEB, e em Tocantins, começa a transição para o período seco.  Na região Sudeste, maio é o segundo mês do período seco.  A figura 01 mostra, para o mês de maio de 2020, nas áreas de abrangência do Monitor: (a) a distribuição da precipitação observada; (b) a climatologia de maio e (c) o desvio de precipitação em relação à climatologia.

De acordo com a climatologia de maio os maiores volumes de precipitação, com valores acima de 250 mm, ocorrem na região norte do Maranhão e no litoral leste do Nordeste. Já os menores volumes precipitados, com valores inferiores a 50 mm, são esperados no oeste da Bahia e de Pernambuco, no sudeste do Piauí e no norte de Minas Gerais.

Em maio de 2020, precipitações com valores superiores a 300 mm ocorreram no norte-noroeste do Maranhão e do Piauí e em parte do litoral leste do NEB, além de pontos isolados no Tocantins. Já as menores precipitações (<100 mm) ocorreram nos estados da região Sudeste do Brasil que fazem parte do Monitor (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro), na sua quase totalidade, além das porções sudeste do Piauí, e centro-oeste da Bahia.

Na maioria dos estados do nordeste, as precipitações de maio oscilaram entre 100 e 300 mm, distribuídas de uma forma irregular, e os valores acumulados no mês variaram em torno da normal climática. A variabilidade espacial das chuvas ocorridas nesse mês é característica de transição entre a estação chuvosa e seca, na grande parte da região Nordeste.

De uma maneira geral, a maior parte do Nordeste se apresenta com condições que variam de sem seca relativa à seca fraca, com impacto, apenas, de longo prazo (L). Porém, devido a grande variabilidade das chuvas, há pequenas áreas de seca de curto e longo prazo (CL) e de curto prazo (C), e algumas áreas com seca moderada a grave.

 

Figura 01. Precipitação (mm) mensal no mês de maio/2020 na região Nordeste do Brasil (NEB), e nos estados de Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro: (a) precipitação acumulada; (b) climatologia; (c) anomalia de precipitação. Fonte: Produtos de apoio do Monitor de Secas.

Figura 01. Precipitação (mm) mensal no mês de maio/2020 na região Nordeste do Brasil (NEB), e nos estados de Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro: (a) precipitação acumulada; (b) climatologia; (c) anomalia de precipitação. Fonte: Produtos de apoio do Monitor de Secas.

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Maio de 2020

Ao comparar o mapa validado em abril de 2020 (Figura 02- a) com o mapa de maio de 2020 (Figura 02- b), verifica-se que houve alterações nas condições de seca na região de análise.

Figura 02. Monitor de Secas do Nordeste: (a) abril/2020; (b) maio/2020.

Figura 02. Monitor de Secas do Nordeste: (a) abril/2020; (b) maio/2020.

No estado do Maranhão, houve grande variabilidade da precipitação, com os maiores valores concentrando-se na região norte. Devido as poucas chuvas, permaneceu a manutenção da seca fraca (S1), porém com redução da intensidade da seca moderada (S1) para seca fraca (S0) na parte sul e uma pequena redução da área de seca fraca (S0) na região central. O restante do estado encontra-se sem seca. Os impactos ainda são resquícios de períodos anteriores e, portanto, são de longo prazo (L).

No Piauí, as precipitações variaram muito em maio, sendo os menores valores observados na porção sudoeste, e os maiores na porção norte. As chuvas contribuíram para ampliação da área sem seca no oeste do estado, assim como na redução das áreas de seca moderada (S1) no sul do estado. A seca grave (S2) ficou restrita a porção extremo sul, divisa com o estado da Bahia. Em todo estado, a seca se apresenta com impactos apenas de longo prazo (L).

No Ceará, apesar de apresentar anomalias negativas em alguns pontos do estado, o volume das precipitações de maio variou muito (20 mm a 300 mm), com maiores valores na zona litorânea e menores valores na porção sudoeste do estado. Com base na precipitação mensal e nos acumulados dos últimos meses, houve um pequeno aumento da área sem seca, com redução da área de seca fraca (S0). A seca se apresenta com impactos apenas de longo prazo (L), isto traduzido pelo atual estado dos níveis dos seus maiores reservatórios (Castanhão, Orós e Banabuiú).

No Rio Grande do Norte, o acumulado da precipitação de maio variou muito (20 mm, na região central, a 450 mm no litoral). Comparando-se o mapa de maio com o de abril, houve uma ampliação da área sem seca na porção central e no litoral leste do estado. Em todo o estado, a seca se apresenta com intensidade fraca e com impactos apenas de longo prazo (L).

A Paraíba apresentou chuvas no mês de maio entre 20 mm (Agreste) e 500 m (Litoral). Os maiores volumes de chuva foram registrados no litoral e no sertão Paraibano, e os menores no agreste. Devido ao volume de chuvas de maio, houve expansão da área sem seca no Sertão e surgimento de uma área sem seca no Litoral, bem como diminuição da área de seca moderada (S1) já existente. Com a ausência de seca no Litoral, não há mais seca de curto prazo e os impactos são apenas de longo prazo (L) em todo o estado.

Em Pernambuco, as precipitações acumuladas de maio registraram valores entre 25 mm (Sertão) e 400 mm (Litoral), com grande variabilidade espacial. Houve uma expansão da área sem seca no Sertão e diminuição da intensidade da seca no Sertão do São Francisco, passando de seca moderada (S1) para seca fraca. No Agreste, houve diminuição da área de seca moderada (S1) e de seca fraca (S0), surgindo uma área sem seca porção oeste dessa mesorregião. Na Zona da Mata, houve diminuição da intensidade da seca moderada (S1) para fraca na porção norte, e de seca fraca (S0) para sem seca na porção sul, bem como em toda faixa litorânea. Em todo estado, os impactos da seca são de longo prazo (L).

Em Alagoas, as precipitações acumuladas em maio variaram de 50 mm (Sertão) a 350 mm no litoral (Leste Alagoano). As precipitações de maio, associada aos indicadores de longo prazo, colaboraram para a redução da intensidade da seca de fraca (S0) para sem seca na parte leste e, de moderada (S1) para fraca (S0) na parte sul. Em todo estado o monitoramento apresenta com áreas variando de sem seca a seca fraca (S0), com impactos apenas de longo prazo (L).

Sergipe apresentou precipitação acumulada variando de 30 mm (Sertão) a 300 mm no litoral (Leste Sergipano). As maiores chuvas de maio ocorreram na porção sul e central do estado, enquanto os menores volumes ocorreram na porção oeste. Devido ao acumulado mensal e dos meses anteriores, houve manutenção da área sem seca no sul do estado e diminuição da área com seca de intensidade moderada (S1) na porção central do estado. A seca se apresenta com intensidade variando de fraca (S0) a moderada (S1) no centro norte do estado, e os impactos são apenas de longo prazo (L).

No estado da Bahia, as chuvas acumuladas em maio variaram de 20 mm (Vale do São Francisco) a 700 mm (Região Metropolitana). Os maiores totais mensais em maio ocorreram no litoral norte do estado e os menores acumulados ocorreram, de forma isolada em várias áreas do estado. Devido à precipitação ocorrida em maio e acumulada nos meses anteriores, houve uma divisão da área de seca moderada (S1) já existente no centro do estado, com diminuição da área ao sul e no centro do estado. Também houve uma pequena expansão da área sem seca no leste do estado. A intensidade da seca varia de fraca a grave, com impactos de longo prazo (L) na maior parte do estado, com exceção do litoral sul, onde os impactos são de curto e longo prazo (CL).

Em Minas Gerais, o cenário climatológico das chuvas de maio é de redução significativa das precipitações. A precipitação mensal não supera 60 mm em grande parte do território, chegando a valores em torno de 10 mm no norte do estado. Em maio de 2020, os acumulados de chuva do mês ficaram superiores à média histórica em grande parte do território. No norte do estado, o panorama favorável das chuvas implicou na redução das áreas de seca moderada (S1) e seca fraca (S0). Por outro lado, as chuvas ocorridas no Sul/Sudoeste de Minas e no Triângulo/Paranaíba (oeste) ficaram abaixo da média histórica. Diante desse quadro, houve avanço da Seca fraca (S0) nessas duas mesorregiões. Em particular, no Triangulo Mineiro/Paranaíba ocorreu também expansão das áreas de seca moderada (S1) e grave (S2), além do surgimento de uma área de seca extrema (S3). Os impactos observados são de longo prazo (L), com exceção do Triangulo Mineiro e Sul/Sudoeste de Minas, cujos impactos são de curto e longo prazo (CL).

O Espírito Santo apresenta uma climatologia com baixa pluviometria para o mês de maio, com valores de chuva inferiores a 90 mm e nesse período, foram observados volumes abaixo da média da climatologia em quase todo o estado. Refletindo os baixos valores de precipitação, os indicadores apontam o surgimento de seca fraca (S0) no nordeste do estado, na Mesorregião do Litoral Norte, ficando essa área sob impacto de curto prazo (C).

O Rio de Janeiro também apresenta média histórica baixa de precipitações climatológicas para o mês de maio, com valores inferiores 90 mm. As anomalias de precipitação para o estado no mês de maio variaram entre positivas e negativas. Mesmo considerando as áreas afetadas por anomalias negativas não há ainda resultados visíveis nos indicadores, e por essa razão, manteve-se a condição normal, sem seca relativa em todo o estado.

Em Tocantins, o mês de maio apresenta uma climatologia com totais variando em torno de cerca de 20 mm no sul e 90 mm no norte. Neste último mês, de um modo geral, foi observado um cenário de precipitações entre normal e ligeiramente acima do normal. Com isso, foram constatadas melhorias nos indicadores de curto e longo prazo (CL), resultando num recuo da área de seca moderada (S1) no leste do estado e uma redução da área de seca grave localizada no setor centro-sul. Na área situada no sudeste do estado, limite com a Bahia, a presença recorrente de anomalias positivas resultaram na indicação de ausência de qualquer tipo de seca nessa região, justificando assim o surgimento de uma área sem seca. Já na região nordeste, houve um ligeiro avanço da seca fraca (S0) tendo em vista as anomalias negativas de precipitação. Devido às alterações no cenário, apena o norte do Tocantins permanece com os impactos de curto e longo prazo (CL), enquanto nas demais áreas os impactos são de longo prazo (L).

Para o traçado do mapa referente ao mês de maio de 2020, foram utilizadas as considerações feitas nas reuniões de autoria (regionais e nacional) realizadas nos dias 8 e 9/06/2020 por representantes do INEMA-BA, APAC-PE, FUNCEME-CE, IGAM-MG, INCAPER-ES e ANA, bem como pela rede de validadores, durante o processo de validação: AESA-PB, SEMARH_DC_CBMTO-TO, INEA-RJ, IFS_UFS-SE e SEMARH-AL.

 

 

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