MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MARÇO DE 2016

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MARÇO DE 2016

Condições Meteorológicas Observadas no Mês de Março de 2016

A Figura 1 mostra a distribuição espacial das precipitações do Nordeste (NE) brasileiro: (a) climatologia de precipitação do mês de março, (b) precipitação acumulada no mês de março de 2016 e (c) anomalia de precipitação, em relação a climatologia deste mês.

Conforme a figura 1 (a), historicamente, o mês de março contém os maiores índices pluviométricos, com valores acumulados acima de 150 mm, em todo o estado do Maranhão (MA), Piauí (PI), Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), centro-oeste e litoral da Paraíba (PB), noroeste e litoral de Pernambuco (PE), litoral norte de Alagoas (AL), extremo oeste, noroeste e em uma pequena porção da faixa litorânea da Bahia (BA). Nas demais regiões do NE, como na parte central da PB e em grande parte dos estados de PE, AL, Sergipe (SE) e BA a precipitação ficou abaixo de 150 mm nesse mês.

Na figura 1 (b), observa-se que, de um modo geral, no decorrer do mês de março de 2016 os índices pluviométricos mais significativos, valores acumulados acima de 250 mm, se concentraram em poucas áreas do NE, como no norte do MA e em uma área compreendida entre o sul do CE e oeste da PB. Nas demais áreas nordestinas, a chuva observada foi inferior a 150 mm e, em uma ampla área do NE brasileiro, a chuva acumulada, no decorrer do período de análise, ficou abaixo de 50 mm. Em algumas regiões, como no oeste dos estados PE, AL, SE e em grande parte da BA os acumulados não ultrapassaram os 25 mm.

A consequência  das poucas chuvas no mês de março de 2016 pode ser verificada no mapa de anomalia de precipitação, figura 1 (c). Observa-se que, com exceção das regiões noroeste do MA, sul do CE e oeste da PB, prevaleceram anomalias negativa em praticamente toda a região NE brasileira sendo observados, em várias áreas, desvios mais expressivos, com déficits acima dos 100 mm.

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Figura 1. Distribuição espacial da precipitação (mm) mensal no mês de março na região Nordeste do Brasil (NEB): (a) climatologia; (b) precipitação acumulada ; (c) anomalia de precipitação.

 

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Março de 2016

Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Pernambuco (PE) e Paraíba (PB), em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses Estados do Nordeste brasileiro apresentaram. Mesmo assim, com o intuito de compensar a falta dos dados de SPEI e também o déficit de informações, tanto para esses estados quanto para as demais áreas do Nordeste do Brasil (NEB), foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de março (e dos meses anteriores) bem como o índice de saúde da vegetação (VHI). Com isso, áreas da região do NEB, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as análises feitas em áreas onde a densidade de informações é maior.

É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, o índice SPEI, de curto e longo prazo, sem analisar as informações dos reservatórios.

A figura 2 mostra o mapa validado de fevereiro de 2016 (a) e o mapa validado de março de 2016 (b). Ao comparar o mapa validado no mês de fevereiro de 2016, na figura 2 (a), com o mapa validado do mês de março de 2016, na figura 2 (b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral, tais como:

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Figura 2. Mapas do Monitor de Secas do Nordeste (NE) em 2016: (a) Mapa Validado – Fevereiro ; (b) Mapa Validado – Março.

 

No Maranhão (MA), as chuvas registradas no mês de março contribuíram, significativamente, para uma redução da área de seca extrema (S3) para seca grave (S2) na faixa central do estado, se aproximando da divisa com o estado do Piauí (PI). Em virtude dos índices pluviométricos significativos observados no decorrer do período de análise, é possível perceber também uma redução no grau de severidade da seca na faixa litorânea passando de seca grave (S2), no litoral oeste, e seca moderada (S1), no litoral leste para seca fraca (S0). No centro-sul do estado, onde havia quadro de seca grave (S2), houve uma redução na categoria de seca, passando essa para uma seca de severidade moderada (S1). Os impactos da seca no MA, continuam sendo, em praticamente todo estado de curto e longo prazo.

No estado do Piauí (PI) foram verificadas algumas mudanças na região norte, central e sul. Na parte norte e central, em virtude das precipitações observadas no período, houve uma redução nas categorias de seca moderada (S1), seca grave (S2) e seca extrema (S3) para seca fraca (S0), seca moderada (S1) e seca grave (S2), respectivamente. Já na parte sul do PI, devido aos baixos índices pluviométricos, houve uma expansão da seca grave (S2). As demais áreas do sul deste estado, continuam com uma seca considerada moderada (S1). Em uma região do centro-leste, persiste a presença de uma seca extrema (S3). Quanto aos impactos, na parte centro-norte do PI, estes continuaram sendo de longo prazo enquanto que, na parte sul, os impactos são de longo.

No Ceará (CE), na parte norte, houve um aumento da área sem seca enquanto que nas demais regiões houve uma redução no grau de severidade da seca. As mudanças mais significativas podem ser percebidas, principalmente, na região centro-sul na qual houve uma redução da área de seca extrema (S3). Em uma área compreendida entre o Alto Jaguaribe e o norte do Cariri cearense, percebe-se o surgimento de uma área com seca moderada (S1). Quanto aos impactos, estes continuam sendo de longo prazo.

No estado do Rio Grande do Norte (RN) os índices pluviométricos mais significativamente ficaram concentrados entre as Microrregiões de Pau dos Ferros e da Serra de São Miguel o que contribui para a redução de seca extrema (S3) para seca moderada (S1). Nas demais regiões, embora não tenham sido observadas chuvas significativas no decorrer do mês, elas foram suficientes para redução de pelo menos uma categoria de seca. Por outro lado, na maior parte do litoral leste do estado, não foram verificados indícios de seca e em relação aos impactos, estes se mantiveram como sendo de longo prazo.

Na Paraíba (PB), os maiores acumulados registrados no mês de março de 2016, foram observados em uma área que se estende do Sertão até o Alto Sertão e contribuíram para alterar o quadro de seca no estado. Quando comparado com o mês de fevereiro, a seca extrema (S3) observada passou para seca moderada (S1) nas regiões onde houve os maiores acumulados. Além disso, as demais regiões paraibanas também apresentaram redução no grau de severidade da seca em uma categoria. Comparado com o mês anterior, a parte leste da PB apresentou um aumento da área sem seca. Os impactos da seca neste estado, continuam sendo de longo prazo.

No estado de Pernambuco (PE), as chuvas observadas no decorrer do mês não indicaram alterações no quadro de seca observado no mês anterior. A exceção são as  macrorregiões do Sertão de Pajeú, que apresentou uma redução na seca extrema (S3) para seca grave (S2) e a parte leste onde os indicadores apresentação um pequeno aumento na área sem seca. Os impactos da seca, continuam sendo de curto e longo prazo na parte leste e de longo prazo nas demais regiões.

Em Alagoas (AL), as chuvas ocorridas durante o mês de março não contribuíram para diminuir o grau de severidade da seca. Assim, se manteve a variações de extrema (S3) e seca grave (S2) no extremo oeste (Sertão). As maiores mudanças, foram observadas na parte centro-leste do estado, que apresentou um aumento da área com seca fraca (S0) e seca moderada (S1). Por outro lado, a parte norte do Leste Alagoano continua sem indicativos de seca. Quanto aos impactos, estes variam de longo prazo (no Sertão Alagoano) a curto e longo prazo (do Agreste ao Leste Alagoano).

No estado de Sergipe (SE), os indicadores mostram uma piora no quadro de seca, observada no mês anterior. Houve uma expansão da seca com intensidade moderada (S1) para todas as regiões de SE. No entanto, prevalece sobre este estado impactos de curto e longo prazo.

Na Bahia (BA), as poucas chuvas registradas no mês de março, contribuíram para um agravamento da seca nas regiões noroeste e oeste do estado, onde houve uma expansão da categoria de seca moderada (S2). Nessa área, as anomalias negativas de precipitação ficaram em torno de 200 mm. No setor leste do Estado, especificamente, na região da zona da mata e agreste norte, o predomínio continua sendo de seca fraca (S0). No extremo norte da BA, próximo à divisa dos estados do PI, PE e AL, as poucas chuvas contribuíram para a manutenção de seca com intensidade variando de grave (S2) e extrema (S3). Nas demais áreas do estado, o predomínio foi de seca com intensidade moderada (S1). Já os impactos da seca, estes variaram de longo prazo (no norte do estado) a impactos de curto e longo prazo (nas demais áreas).

Para o refinamento no traçado do mapa do mês de março, foram utilizadas as considerações feitas pelos representantes da ANA-DF, INEMA-BA, APAC-PE, LABMET-MA.

 

 

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