MONITOR DE SECAS DO MÊS DE SETEMBRO DE 2016

NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE SETEMBRO DE 2016

 

Condições Meteorológicas do Mês de Setembro de 2016

Historicamente, conforme pode ser observado na figura 1(b), no mês de setembro, no leste do Nordeste (NE) brasileiro, em uma área compreendida entre o litoral sul da Paraíba(PB) e o litoral sul da Bahia(BA), localizam-se as regiões do NE que possuem os maiores índices pluviométricos, com volumes entre 100 e 150mm. Nas demais áreas do NE, os índices pluviométricos são inferiores a 75mm e, em grande parte do NE, como no centro-leste do Maranhão (MA), Piauí (PI), Ceará (CE), grande parte dos estados do Rio Grande do Norte(RN), PB, Pernambuco(PE), BA e extremo oeste de Alagoas(AL), a climatologia de precipitação é inferior a 25mm.

Durante o mês de setembro de 2016, de acordo com a figura 1(a), os índices pluviométricos mais significativos foram observados no litoral da BA e no extremo oeste do MA, com valores superiores a 100mm em algumas áreas. No entanto, observa-se, na figura 1(c), anomalia de precipitação, que no litoral leste do NEB, em uma área compreendida entre o litoral do estado da PB e o litoral de AL, bem como em algumas áreas do litoral sul da BA, foram observadas anomalias negativas de precipitação. Em grande parte do território nordestino, a chuva observada ficou próximo da climatologia, exceto em algumas áreas, como no caso do extremo oeste do MA e o litoral do extremo sul da BA, onde as chuvas observadas contribuíram para anomalias positivas de precipitação.

 

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Figura 1. Espacialização da precipitação(mm) mensal no mês de setembro na região Nordeste do Brasil (NEB): (a) Precipitação acumulada; (b) Climatologia; (c) Anomalia de precipitação. Página de procedência da figura: http://proclima.cptec.inpe.br/~rproclima/Moni_NE/precobsclim09.gif

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Setembro de 2016

Em uma pré-análise, foi considerado o índice SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB) e Pernambuco (PE), por causa da quantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil (NEB) apresentam. Cabe ressaltar que, no mês de setembro, os estados do Ceará(CE), Paraíba(PB) e Bahia(BA) tiveram o cálculo do indicador SPI, tanto de curto quanto de longo prazo, prejudicado pela falta de informações em várias regiões e, por isso, com o intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses estados quanto para as demais áreas do NEB, foi amplamente utilizado o SPI MERGE, além dos seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de setembro e dos meses anteriores, bem como o índice de saúde da vegetação (VHI) e anomalia de temperatura máxima. Com isso, áreas do NEB onde há poucos pontos de informações puderam ser analisadas.

Para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta principalmente os índices SPI, SPI MERGE e SPEI, de curto e longo prazo, sem analisar as informações dos reservatórios.

Ao comparar o mapa validado no mês de agosto de 2016, na figura 2(a), com o mapa validado do mês de setembro de 2016, na figura 2(b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral (figura 2), tais como:

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Figura 2. Mapas do Monitor de Secas do Nordeste em 2016: (a) Agosto; (b) Mapa Validado – Setembro.

 

No estado do Maranhão(MA), houve um agravamento da seca, principalmente na parte norte, o que impactou na severidade da seca grave(S2) nessa região. Destaca-se ainda, o avanço, em direção ao norte, da área com seca extrema(S3) na parte centro-leste desse estado. Essas mudanças ocorreram porque as precipitações, ao longo do mês de setembro, praticamente em todo o estado, não foram suficientes para minimizar o quadro de seca observado em agosto.

No Piauí(PI), em virtude dos baixos índices pluviométricos observados ao longo do mês de setembro e também nos meses anteriores, houve uma expansão, para a região norte, das secas grave(S2) e extrema(S3). No centro-sul, área semi-árida, a seca considerada excepcional (S4) também teve sua área ampliada.

No estado do Ceará(CE), assim como nos estados do MA e PI, as poucas chuvas que ocorreram no mês de setembro também contribuíram para agravar o quadro de seca. Na região metropolitana de Fortaleza, onde era observada uma área com seca moderada(S1) até agosto, além de outras áreas do norte do CE, os indicadores mostram uma seca grave(S2). Nas demais áreas desse estado, observa-se a expansão, para norte, da área S3(seca extrema) além do aumento da área com seca excepcional(S4) para todo o centro-sul do estado.

Em grande parte do estado do Rio Grande do Norte(RN), as precipitações também não foram suficientes para amenizar a severidade da seca observada nos últimos meses. Por isso, observa-se o avanço da área com seca grave(S2) e extrema(S3) para a região leste desse estado, onde o índice de vegetação(VHI) também apresenta uma piora na saúde da vegetação ao longo do mês. Além disso, na região oeste de RN, houve um aumento da área com seca excepcional(S4).

Na Paraíba(PB), em relação ao mês de agosto, a mudança mais significativa ocorreu na parte centro-oeste, onde os indicadores SPI e SPEI, principalmente de curto prazo, mostram um aumento da área com seca excepcional(S4). Cabe observar que, nessa mesma região, onde os indicadores mostram um aumento da área com seca S4, a anomalia de temperatura máxima no mês de setembro, bem como no trimestre julho, agosto e setembro (JAS), foi superior a 6ºC em algumas áreas. Nas demais áreas da PB, houve um aumento da área de seca moderada(S1), grave(S2) e extrema(S3) em direção ao leste do estado.

No estado de Pernambuco(PE), os indicadores mostram que houve o aumento, em relação a agosto, das condições de seca moderada(S1), grave(S2) e extrema(S3) em direção ao leste. Na porção central e noroeste de PE, os indicadores apontam para o aumento da área de seca excepcional(S4). Assim como no estado da PB, na região central de PE, foram observadas anomalias de temperatura máxima superior a 6ºC no mês de setembro e também no trimestre julho, agosto e setembro(JAS). Além disso, na região central desse estado, o índice de vegetação (VHI) aponta uma piora na saúde da vegetação em praticamente todo o mês de setembro.

No estado de Alagoas(AL), em virtude das poucas chuvas observadas ao longo de setembro, alguns produtos de apoio como índice de vegetação (VHI), bem como os indicadores SPI e SPEI, mostram uma piora no quadro de seca na região oeste, o que contribuiu para o surgimento de uma área de seca excepcional(S4). Na parte leste desse estado, os indicadores mostram um avanço da seca moderada(S1), grave(S2) e extrema(S3). Quanto aos impactos da seca, estes se mantiveram de curto e longo prazo(CL) na maior parte de AL, com exceção de parte do litoral, onde os impactos observados são de curto prazo(C).

Em Sergipe(SE), a mudança mais significativa, em relação ao mês de agosto, foi observada na porção noroeste, onde os indicadores SPI e SPEI, principalmente de curto prazo, bem como os produtos de apoio, apontam o surgimento de uma área com seca excepcional(S4). Nas demais áreas desse estado, as condições de seca permanecem as mesmas observadas no mês de agosto.

Na Bahia(BA), as chuvas do mês de setembro, normalmente, se concentram na faixa litorânea. No entanto, as chuvas registradas nesse mês foram suficientes para amenizar a situação da seca na apenas na região sudeste, onde os indicadores, principalmente de curto prazo, apontam para a redução da área com seca extrema(S3). Esses indicadores também apontam para uma redução da categoria de seca no litoral sul desse estado, passando de S2 no mês de agosto, para S1 no mês de setembro. Nas demais áreas da BA, não houve alterações no traçado.

Com exceção de uma área no leste do NE e sudeste da BA, onde a seca é de curto prazo (C), uma ampla área está com impactos de curto e longo prazo (CL).

Para o traçado do rascunho 2(dois) do mapa do mês de setembro, foram utilizadas as considerações feitas na reunião de autoria, realizada no dia 11/10/2016, e no processo de validação constituídas por representantes da ANA-DF, ARESTech, INEMA-BA, APAC-PE, FUNCEME-CE, AESA-PB, SEMAR-PI, UEMA-MA e ENPARN-RN.

 

 

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